O câncer de pulmão é a principal causa de mortalidade relacionada ao câncer tanto no Brasil como em outros países do mundo. A taxa de sobrevida em 5 anos para câncer de pulmão não-pequenas células metastático (CPNPC) é estimada em apenas 4%. Este número (4%) era válido até alguns meses atrás. Os dados compilados de forma independente pela indústria mostram que a taxa de sobrevida para estes pacientes precisa ser atualizado. A imunoterapia, com ou sem quimioterapia, foi demonstrada em muitos estudos clínicos para estender a sobrevida tanto no cenário de primeira linha quanto nas linhas subsequentes de terapia. Os impactos dessa drogas na sobrevida de pacientes até agora são animadores,  como mostram os dados da Merck e Bristol-Myers Squibb.

Na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), a Merck publicou os seus resultados mostrando que 23,2% dos pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (NSCLC) tratados anteriormente com pembrolizumab (Keytruda) ainda estavam vivos aos cinco anos. Keytruda foi o primeiro medicamento a agir no eixo PD-1 / PD-L1 a ganhar uma aprovação da FDA no tratamento de CPNPC, e ainda é a droga a possuir aprovação solo na indicação. A Merck seguiu com uma aprovação de combinação de quimioterapia, na qual os médicos gravitaram em direção, dado o sucesso do emparelhamento em tumores contendo vários níveis do biomarcador PD-L1.

Por outro lado, vale esclarecer, foram casos com forte expressão de PD-L1 que conduziram o benefício de sobrevivência de Keytruda solo em um estudo de fase 3 acompanhado de perto, que foi lançado na reunião da ASCO do ano passado. Eles também levantaram os números de cinco anos: 29,6% dos pacientes com escores de proporção de 50% ou mais do tumor viveram até o valor de referência de cinco anos, em comparação com apenas 15,7% dos pacientes com níveis de PD-L1 abaixo de 50%.

Esse achado também se manteve entre os pacientes previamente tratados. Vinte e cinco por cento dos pacientes com níveis de PD-L1 de 50% ou mais atingiram a meta de cinco anos, em comparação com 12,6% daqueles com níveis de expressão entre 1% e 49%. Apenas 3,5% dos pacientes com níveis de expressão abaixo de 1% estavam vivos após cinco anos.

Dados do nivolumab (Opdivo, Bristol-Myers Squibb) foram apresentados na American Association for Cancer Research (AACR) Annual Meeting. Estes dados demonstraram que em 5 anos, a taxa de sobrevida global foi de 16% em pacientes com CPNPC avancado tratados com nivolumab (Opdivo), de acordo com o seguimento de um estudo de variação de fase da fase Ib (CA209- 003). Em outras palavras, o média de sobrevida (em torno 4%) foi quadruplicada em pacientes que responderam ao nivolumab. A taxa de resposta ao nivolumab mostrou-se diretamente proporcional ao nível de expressão de PD-L1 no tecido tumoral.